Como eu realmente tinha pressa e precisava daqueles documentos hoje, resolvi esperar. Os dias têm sido cruéis em seu passar, e por isso, não posso perder mais nenhum deles sem um resultado condreto.
09h... 10h... 11h... 12h... 13h... 14h... Nada mais que 5 horas sentada nequele lugar, vendo cada pessoa entrar e sair, muitas solucionando seu problemas e muitas não. Lá dentro, os funcionários tomavam café, água, falavam ao telefone, riam, conversavam.
Houve um momento em que achei que fosse desmaiar de fome, de sede, de vontade de ir ao banheiro. Mas eu não podia descepcioná-lo. Não a ele! Eu precisava daqueles documentos.
Coloquei minha cabeça entre minhas mãos e o inevitável aconteceu: um pranto torrencial. Saí para que não escutassem o meu soluço, a minha dor, a minha revolta, pois eu não conseguia conter as lágrimas, foi mais forte do que eu. Eu não sabia o que era mais humilhante, se esconder as lágrimas ou ter que sorrir para ter os papéis. É assim que funciona quando precisamos, não é? Esse é o exercício do poder. Sua cadeia. E eu estava nela.
Passei a chorar não mais pelo medo de perder o prazo, mas por perceber como o ser humano é mesquinho, como precisamos de tão pouco para ajudar alguém. Daquela assinatura dependiam tantas coisas! Não só a minha vida, mas a dele também! Eles não sabiam, e talvez se soubessem, nem se importassem, porque estamos tão centrados em nós mesmos que esquecemos de olhar para o lado e estender a mão.
Será que é assim também quando alguém depende de mim? – pensei. Será que eu dou o meu melhor? Eu sei que muitas vezes não... e é por isso que fica essa corrente no mundo e tudo é tão mais difícil do que deveria ser.
É realmente triste saber que tantas vidas são acorrentadas pela burocracia diária, pela falta de comprometimento, pelo humor oscilante de um funcionário. E isso é algo tão comum nas repartições!
Eu tentei controlar as lágrimas, mas foi impossível. Eu estava vomitando toda a minha revolta com aquele lugar, com aquela situação deplorável, mas mesmo assim, foi um pranto contido, consciente, porque apesar de tudo, era eu quem precisava e precisava ser forte.
Quando já não havia mais ninguém no consulado e ficou meio ridícula aquela situação, alguém me olhou.
Eu saí dali com os pepéis em minhas mãos. Até agora não sei como consegui, mas eu consegui.
5 comentários:
"É assim que funciona quando precisamos, não é? Esse é o exercício do poder. Sua cadeia. E eu estava nela." gostei disso Luca, o ruim é estar nisso. Mas é assim, infelizmente é.
Já trabalhei em consulado. Sei que ninguém passa desapercebido. Principalmente esperando por horas. Chorando então, embora não aparente, causa um pânico naqueles burocratas. Todos têm medo de perder seu empreguinho, então tratam de resolver o problema sem chamar muita atenção. Coisas do mundo robótico que já era perceptível em 1984 de Orwell.
Luazinha, se você colocar esse texto na terceira pessoa, já tem um conto bem começado, que pode até virar livro ou filme.
BJks
Lu, querida! imagino a sua revolta. A sua raiva, a sua decepção, indignação. Eu, no teu lugar, acho que faria o mesmo. Não aguentaria.
Senti aqui a tua repulsa a essa cadeia.
Fica bem Lu. Dias assim sempre passam. Vc escreveu isso em um comentário no meu blog. E eu aprendi. rsrsrs
Estou feliz em te ver de volta.
Beijos Linn.
Minha Lu........obrigado
Luuuuaaa...querida!
como anda a vida?imagino que deve estar na correria..ou não?!
Saudade dos seus textos.
Bjinhus!
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