27 agosto, 2011

Atualização desatualizada


Nesse exato momento estou onde não queria estar. Há alguns dias eu li uma frase que dizia “Onde você está agora não é onde você terminará”, menos mal. Sinto algum conforto nessa declaração.
Aqui, no Panamá, onde há mais táxis que gente, minha vida tem sido uma longa espera. Espera por deixar esse país que tanto desagrada o meu gosto, espera por um emprego, em realidade, dois. Espera por uma resposta divina que me faça entender o que é que estou fazendo aqui.
Depois de um ano e meio em Barcelona, após o término do meu tão desejado mestrado, a vida me trouxe a esse país tão mal localizado no meu mapa geográfico mental. É, eu não sabia se estava antes ou depois da Costa Rica, entre a Guatemala ou Honduras... Enfim, bem pouco interesse dediquei algum dia em buscar onde raios estava esse país.
E como a vida sempre nos surpreende, aqui estou nesse lugar mais verde que a bandeira do Brasil. Aqui chove todos os dias e não existem livrarias em condição para uma boa pesquisa, e logo agora que eu entrei no doutorado, o desespero assoma-se às portas de meu coração a cada manhã, já que não sou nenhum gênio da ciência e preciso consultar livros e mais livros se quiser escrever algo em condições aceitáveis.
Mas às vezes eu acho até bom, porque assim eu posso ver como eu gostava de Barcelona e não sabia... Como eu resisti ao catalão e não devia... É, eu realmente amo Barcelona, e que bom que eu descobri isso a tempo, a tempo pelo menos de dizer a mim mesma.
As coisas aqui estão bem difíceis. Ele veio pensando que seria uma coisa e foi outra. Eu querendo Espanha e ele querendo Brasil. Uma proposta no Peru, uma vaga numa universidade do Canadá que eu não posso me candidatar porque não tenho terminado o doutorado. E o inglês, que ainda não sabemos, sempre pelo meio a atrapalhar. É... não sabemos tantas coisas, mas a pior delas é não sabermos aonde ir...
Às vezes eu choro no banheiro para que ele não me veja e não se sinta mal com a minha fraqueza. Às vezes eu choro quase sempre e sem querer. As lágrimas simplesmente aparecem sem convite e inundam minha alma.