30 abril, 2011

Recheio


Não, eu não sou magrinha, nem tenho o cabelo liso, solto ao vento e uma pele de pêssego colhido no momento x. Não tenho olhos azuis ou verdes piscina, ou verdes castanho ou castanhos esverdeado contra o Sol. Não sou mulher que chama atenção em decotes ou em roupas curtas, porque não gosto do formato de minhas pernas. E a propósito, eu tenho 12 graus de miopia.
Eu sou sim uma gordinha que luta diariamente contra a balança, de cabelos cacheados, com os quais eu travo guerra diariamente tentando que fiquem no lugar, e olhos castanhos, dos mais simples, sem nenhum assomo de outra cor. Não creio que seja das mais belas, nem das mais feias, segundo o conceito atual de beleza, se isso importa realmente. Sou assim, normal, casual, básica, só com os acessórios de fábrica mesmo.
Quando vou à praia é uma novela mexicana para esconder as dobrinas, as estrias, as celulites debaixo de tão pouca roupa! Impossível! Na praia onde tudo está exteriorizado, eu interiorizo meus complexos e fico como água em óleo.
Minha comodidade está numa caça jeans usada, numas sandálias bem baixinhas, porque eu não sei andar com salto alto, e numa bolsa grande, em que eu possa carregar água, batom, um pouco de dinheiro, e um bom libro, para as horas mortas. Essa sou eu. Que eu?
Não, eu não sou um modelo de beleza nem de nada. Mas tenho um monte de coisas aqui dentro de mim que eu posso te mostrar. Outro dia eu descobri um jardim secreto aqui e me deram a chave. Se você quiser entrar, eu te mostro como tudo pode ser mais simples, como nos apegamos a tantas futilidades, como se é tão mais feliz sem as formas e suas prisões, e somente guardando o conteúdo, o caroço.
Já reparou nas histórias alheias, que se vão entrelaçando na vida e que terminam por formar a voz do mundo? Você quer escutá-la comigo? Feche os olhos.

29 abril, 2011


Vou dizer pra você que hoje eu quero um denguinho. Um beijo para acalmar essas milhões de letras aqui sambando em meu coração. Chega aqui pertinho que eu vou te contar um segredo, o nosso segredo: há tanta vida em nós!
De vez em quando a gente vai parando para afinar nosso instrumento.

28 abril, 2011



O meu coração anda assim, miudinho, pequenininho e massacrado.
Tem um pé aqui apertando meu peito. Eu digo para ele parar, mas ele segue, apertando cada vez mais.
Se o meu coração fosse inteligente, não sofreria assim. Mas ele não foi à escola, nem tomou lições particulares. Tadinho. Ele é tão burrinho! Ele acredita em tudo o que lhe contam. Vai das mentiras rotineiras até às super produzidas. Ele é assim, um cão fiel, desses bem bobões, com a língua de fora.
Agora ele tá todo assim murchinho, escondido, depois que levou uma paulada. Daqui a pouco ele levanta e se enche de alegria de novo, como os balões coloridos de gás dos parques, e fica bem lá no alto, voando, que é o que ele mais gosta de fazer.

03 abril, 2011

Pouco a pouco vem chegando a primavera com seus dedinhos entres as frestas do inverno que já foi, mas que deixou o seu rastro. Pela janela do agora, eu vejo trens que vão e vem passando, em um movimento da vida, natural, ruidoso, às vezes parando, às vezes não.

Pouco tempo para mim mesma, muito tempo para as leituras desse universo literário tão novo, tão apaixonante, mas ao mesmo tempo difícil de associações com o meu mundo. Uma vez me perguntaram quando eu pararia de me meter em “confusões de estudos”, que a vida deve ser mais tranquila e mais simples. Para que complicar tudo com essas “coisas do conhecimento”?

E eu vejo que se não for assim, com essa busca, com esse desejo de conhecer mais, de obter formações em outros mundos, não sou feliz, não consigo encontrar a paz, nem no mundo, nem em mim.

E que venham os dias de sol, e que venham as flores que tanto preenchem minha vida com seus aromas e cores. Eu quero andar com minhas havaianas® coloridas, na leveza dos dias claros, porque somos tão mais felizes assim...

***

Algo estranho está acontecendo com minhas palavras. Elas se misturam sem ordem, sem autorização. E eu fico numa insegurança de criança, estudando-as, dissecando-as...