Esvaziar-se e enxer-se. Eis o sopro da vida.
Às vezes esqueço–me de algumas preocupações que foram varridas para debaixo do tapete. Deixo-as ali, nutrindo-se de um esquecimento cômodo e covarde. Então, num belo dia de hoje, elas voltam a assombrar, como quem desperta de uma morte mal resolvida, exigindo providências no primeiro respiro.
Eu queria ter um livro de soluções, como quem tem uma arma secreta: um livro de receitas para um jantar inesperado.
Talvez. Porque mesmo com a receita, o bolo sola. Mas seria só uma seta amarela flamante, piscando os olhos para mim, paquerando o meu destino.
Então hoje, de debaixo do tapete uma escapuliu, aprisionando-me outra vez nas algemas de meus medos.
Eu já não posso voltar.
Nesse presente, meus pulmões estão comprimidos e o ar me vem em gotas.